"Um estudo feito por mim sobre o
Liber A’ash vel Capricorni Pneumatici
liber que de acordo com Crowley;
"Contém o verdadeiro segredo de toda a magia prática."
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
Não tem introdução. Não quer te ensinar nada. Já começa no meio da coisa. O carvalho está lá, velho, torto, com um relâmpago morando dentro. O céu em cima pesa. Um Falcão sem olhos assiste. Só isso já devia ser o suficiente: não tem visão, não tem luz, não tem redenção. Tem sobrevivência (verso 0).
A árvore é chamada de maldita. Negra. Sozinha. Nada ali é glorioso. É feio. É seco. É fim de linha. A tempestade vem, e ela não foge. Não quebra. Segura por éons. E mesmo assim, não entrega sua seiva (versos 1–5).
Ela só vai ceder no final. Quando F.I.A.T. for entronado. E isso não tem data marcada. Não é promessa. É uma condição. Você aguenta enquanto for preciso (verso 6).
O texto começa a virar. Diz: “Agora nisto o poder mágico é conhecido”. E muda de tom (verso 8).
A árvore que resistiu é a imagem do magista. Não o que fala bonito. O que apanha, segura, e continua. Que vira madeira gasta, que parece cão preso na coleira. Mas que tem orgulho. E sutileza. E alegria (versos 9–11).
A instrução vem seca: “Que o magus aja assim”. Nada além disso. E aí o ritual é mostrado como ele é. Senta. Firme. Aproxima com peso. Levanta com tensão no corpo. Tira o capuz. Encara o sigilo. A energia começa a circular. O corpo se move por dentro. Silencioso. A palavra sai. Só isso. Não porque foi planejado. Porque era a hora (verso 13).
E depois de tudo, não cai. Não desmonta. Aguenta. Porque algo maior atravessou por dentro. E o corpo segurou. O mago não é fonte — é canal (verso 14).
O texto não te segura pela mão. Ele só vai. Diz que a cobra viva se reconhece. Que o voto é sussurro no vento. Que a entrega é total. Que o Lingam e a Yoni estão no mesmo corpo (versos 15–16).
A voz que fala é ele. Baphomet. O Dente. O Bode. O Espírito. Ele se diz hediondo. Ele se diz mais generoso que Bacchus e Apollo. Ele se diz escondido em tudo. Mesmo quando tudo já foi desmascarado (versos 17–26).
Diz que quem ele ama, ele castiga. Que tudo é sagrado pra ele. Mas que nada é sagrado dele. Que não há santidade sem ele. Que os cadáveres são eucaristia. Que os lugares solitários são altar (versos 27–29).
E então ele se desfaz em fúria. Vira tempestade. As bolotas se espalham. E depois ele cresce de novo. Com os seus ao redor. É cíclico. Não é moral. É ritmo (versos 30–31).
Ele diz que é Existência. Mas não como você pensa. Não é ideia. Não é doutrina. É existência que existe porque existe. Ponto. Raiz da raiz. Embaixo do que não tem chão (verso 32).
E então vem o mais direto: “Tu sabes quando estou dentro de ti”. Não é visão. Não é iluminação. É sentir a presença como quem sente um animal entrar pela pele. É maior que rio, maior que gelo. E você não tem como impedir (verso 33).
Depois disso, ele mostra o que é desejo. Fala do corpo. Do olhar. Da nudez. Da entrega. Não precisa estar limpo. Só precisa estar inteiro. Porque até um demônio, se for símbolo do amado, basta (verso 34).
E disso, nasce o próximo elo. E outro. E outro. A Corrente é infinita. Triângulos. Círculos. Sempre iguais. E mesmo assim, segue. Porque o progresso é real. Mas não porque vai pra frente. Porque arrebata (versos 35–37).
E aí o fim. “Levanta-te como eu estou levantado”. Sem drama. Contém. Faz. Mata-se. Renasce. A morte é a próxima porta. A escuridão é o lugar onde a luz esconde o brilho. A meretriz puxa uma joia do nariz. E isso é uma visão. Mas também é real (verso 38).
Tudo começou com prazer. Vai terminar com prazer. E o caminho todo é isso também. Como um rio que sai do gelo, passa pelas montanhas, atravessa os campos e chega no mar. É água o tempo todo. Mas o mundo muda em volta
(verso 39).
Essas notas não explicam o texto. Só caminham com ele.
Quem leu, vai saber onde parar.
Quem vive, já entendeu.
Amor é a lei, amor sob vontade.